Quem ama, mata?

Quem ama, mata? Pergunta um tanto intrigante, não acha? Pois é. O Bando de Teatro Resistência, com alicerces fincados na cidade de Camaçari, trouxe à tona essa discussão. O espetáculo "Medéia In process", uma adaptação de um texto da mitologia grega, de autoria de Eurípides, escrita em meados de 431 a.c, relata a história de uma mulher, cujo nome é Medéia, filha do rei Eetes, da Coquilda, atualmente Geórgia, que deixou tudo para trás para se entregar ao amor de um homem, Jasão.


A paixão de Medéia por Jasão foi tão arrebatadora que ela foi capaz de trair o próprio pai para beneficiar o amado. Mas como em todo romance é de praxe, Jasão a deixou, para casar-se com Creusa, filha do rei Creonte, e aí a história começa a tomar outros contornos. Medéia, que de mocinha, passa a vilã, lança sobre Jasão uma maldição, além de matar com as próprias mãos os próprios filhos. Aqui começa a minha analise de contexto.




O drama, escrito por Eurípides há séculos, ainda não deixou de ser um fato recorrente em nossos dias. Mas até quando, até quando? Até quando permitiremos que nossas crianças sejam mortas de forma tão brutal? É impossível negar que existem Medéias espalhadas por todo o mundo. Às vezes, elas estão tão próximas (os) que nem percebemos. Como disse Tony de Souza, 34, autor do espetáculo, " no mundo de hoje, não sabemos quem são os bárbaros, ou quem são os civilizados", concordo! O João Hélio, foi morto a tiros, pelos ditos senhores da civilidade, ou seria militariedade? Não importa, a definição da categoria não trará o menino de volta.




A sociedade está a cada dia velando-se, não no sentido de VELÓRIO [prece, antes do enterro de esquifes], mas no sentido de esconder-se por detrás de máscaras, verdadeiros véus, cada vez mais aparentes. Hoje, podemos ter um monstro dentro de casa e não saber. Mas até quando isso será visto com tanta normalidade? Morre quem saber a verdade (!) Os ditos "antenados" dizem que normal é ser anormal. Só quero saber onde iremos parar com tanta anormalidade ¬¬.




Quanto ao espetáculo, faço questão de dizer que assisiti os três dias de apresentação. Analisei cada detalhe, cada palavra, ação. A platéia vibrava a cada luz que se acendia e/ou apagava. Tudo estava perfeito, os atores, o figurino, maquilagem, efeitos, tudo. O momento histórico foi muito bem delimitado. A montagem foi uma manifestação do drama urbano, que vivemos nos dias de hoje. O contexto é tão atual, que segundo Érica Moriah, atriz do elenco, disse que no dia dos últimos ensaios, por volta das 22h ouviram-se disparos de armas de fogo. No dia seguinte o fato era capa dos prinicipais jornais da cidade: Assacinato, na calada da noite. Quer outra prova de atualidade, acho que chega.




Pelo visto, Medéia é e sempre será um drama atual, jamais a frente ou atrás do tempo. Sempre atual. Mas a continuidade dessa história pode ter novos contornos. Se nós, autores e atores do espetáculo da vida, resolvermos mudar o rumo dessa história. Só depende de mim e de você.

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